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EDITORIAL | SET 23

Porto & Douro Magazine


Port Wine day: celebrar o Vinho do Porto com foco na Sustentabilidade

O Port Wine day comemora o dia 10 de setembro de 1756, data em que o Marquês de Pombal estabeleceu o desígnio estratégico de fundar a Região Demarcada do Douro.

Fê-lo com uma visão de futuro. Ensinou aos vindouros que a riqueza que aqui se gera, património inestimável do País, se deve gerir com ousadia e pragmatismo, com a visão de longo prazo, fixada no futuro. Conseguiu o Marquês de Pombal que este modelo, por ser uma forma eficaz de estruturar a economia local e de acrescentar valor aos vinhos que aqui eram produzidos, vingasse e que estivesse na essência programática do que foram as denominações de origem vitivinícolas por todo o mundo então criadas, modelo que hoje tão fervorosamente preservamos e defendemos. Estávamos a assistir, num passo de grande arrojo e de invulgar inovação, à génese da primeira “marca coletiva” portuguesa, tal como hoje diríamos.

Foi em 2014, passados 258 anos, que oficialmente foi instituído o dia 10 de setembro como Dia Internacional do Vinho do Porto, nascendo assim a vontade de celebrar o vinho do Porto e de o partilhar, cada vez com maior entusiasmo, com o público consumidor.

Com o Port Wine day, assinalamos a importância que o vinho do Porto assume para o país, como motor de desenvolvimento e crescimento, tratando-se de uma comemoração marcante pela sua abrangência e pelo foco nas dimensões sociais e económicas.

Orientámos a temática das comemorações deste ano para pontuarmos a importância da sustentabilidade económica, social, ambiental e cultural que queremos coletivamente para a Região Demarcada do Douro, desiderato incontornável que prosseguimos para esta mais antiga região demarcada e regulamentada do mundo.

Na dimensão social, conseguimos conferir notoriedade a este evento, fazendo desta efeméride um momento de proximidade entre todos os intervenientes do setor.

Na dimensão económica, destacamos a presença do vinho do Porto no mundo, em que sublinhamos a sua importância económica como motor de desenvolvimento e de crescimento, trazida pelo montante das exportações, concretizada pelo desenvolvimento, direto e indireto, de que a Região aufere.

A comemoração deste dia, tem na sua essência, a valorização dos vinhos com Denominação de Origem Protegida produzidos na Região Demarcada do Douro. Por inerência, decorre o apoio à internacionalização dos agentes económicos do setor, numa lógica de valorização transversal, tendo como foco os desafios da sustentabilidade do território duriense e as questões relacionadas com as alterações climáticas no mundo.

No entanto, esta realidade só tem sentido se for realizada com e para as pessoas, pessoas que estão no terreno e que se excedem naquilo que seria espectável virem a fazer. E é por isso que temos vindo a associar ao Port Wine day a outorga de distinções “Douro Mais Sustentável” nas áreas da Viticultura, da Enologia, do Enoturismo e Revelação, àqueles que, em nosso entender, se destacaram pelo seu afinco, pelo sucesso, pelos sonhos que conseguiram concretizar, pelo profissionalismo que imprimiram aos seus projetos e, acima de tudo, valorizámos quem, nas mais variadas áreas de atuação, tem como objetivo o desenvolvimento sustentável do Douro e dá primazia ao benefício coletivo na conceção dos seus projetos.

Mas, mais do que celebrar, importará refletir-se e repensar-se o que o Douro deverá ser nas próximas décadas. Como se valorizarão os recursos que esta região oferece, como se acrescentará valor, como se proporcionarão melhores condições socioeconómicas a toda a população.

No contexto atual, importará perspetivar-se qual o modelo que mais atrairá o consumidor nos anos vindouros: talvez se perspetive uma promoção orientada para os aspetos do produto, seja ele vitivinícola, turístico ou de qualquer outra natureza, mas mais centrado na sustentabilidade subjacente a tudo quanto se produz e se oferece a um consumidor que terá, incontornavelmente, um novo foco de atenção.

Será essa nova perspetiva que ditará todas as políticas locais, regionais e mesmo nacionais que hoje vemos como necessárias e inadiáveis. Procuraremos respostas a desafios da maior pertinência: como se combaterão e mitigarão as alterações climáticas, como se combaterá a desertificação, como se fixarão iniciativas que tragam criatividade, inovação e originalidade nos projetos a desenvolver.

Em suma, como poderemos preservar um território único que queremos deixar intacto para as futuras gerações. De uma coisa temos certeza: o crescimento da Região Demarcada do Douro, do ponto de vista social, económico e ambiental terá, inexoravelmente, de se alicerçar na sustentabilidade.

Gilberto Igrejas

Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P.


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