Agendamento IVDP

Castas

VINHA

Caracterização das Castas

A grande diversidade de castas existentes no Douro, adaptáveis a diferentes situações de clima, demonstra as condições ótimas para a cultura da vinha existentes na região. As castas, na sua maioria autóctones, estão enxertadas em diversos porta-enxertos, escolhidos segundo a sua afinidade para as castas e caraterísticas do solo.

O encepamento da região, aliás como o de todas as regiões demarcadas, está regulamentado, sendo aí referidas as castas autorizadas e recomendadas. No caso da RDD, trata-se da Portaria n.º 383/2017, de 20 de dezembro, alterada pela Portaria n.º 346/2024/1, de 19 de dezembro, com a inclusão da casta Moscatel-Galego-Roxo.

Neste momento, estão autorizadas 116 castas, sendo 65 tintas, 50 brancas e uma rosada. A Portaria n.º 413/2001 de 18 de abril (com a Declaração de Retificação n.º 10-G/2001, 30 de abril), por seu turno, apresenta 30 recomendadas para a DOP Porto, das 111 autorizadas para esta DO (ver capítulo CLASSIFICAÇÃO DAS PARCELAS).

Atualmente, nas novas plantações tem-se optado por um número mais reduzido de castas, eleitas pelas suas características particulares. Nas castas tintas destacam-se a Touriga Franca, Tinta Roriz, Touriga Nacional e Tinta Barroca, sendo que as castas brancas predominantes são a Rabigato, Malvasia Fina, Moscatel Galego Branco e Viosinho.

No que diz respeito à produtividade, a região não se caracteriza por ter castas muito produtivas. Será de referir que o rendimento máximo permitido é de 55 hl/ha para os vinhos tintos e 65 hl/ha para os vinhos brancos. A produtividade média é de cerca de 30 hl/ha (cerca de 4.100kg/ha).

NOTA:  Tendo presente que o Conselho Interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP, IP) pode proceder a ajustamentos anuais do rendimento por hectare que, no caso de ser para mais, não pode exceder 25 % do rendimento máximo previsto ponto anterior, para a campanha 2024, este órgão aprovou uma redução do rendimento máximo por hectare das vinhas dos 55 hectolitros para os 45 no vinho tinto e dos 65 hectolitros para os 60 no vinho branco.

 

Encepamento da região (dados de 2023)

Casta Área %
Touriga Franca 10 727 25,00%
Tinta Roriz 6 163 14,30%
Touriga Nacional 4 432 10,30%
Tinta Barroca 3 828 8,90%
Rabigato 1 618 3,80%
Malvasia Fina 1 594 3,70%
Síria 1 379 3,20%
Moscatel Galego Branco 1 343 3,10%
Tinta Amarela 1 330 3,10%
Viosinho 979 2,30%
Outras 9 586 22,30%
Total (em 2023) 42 980  

 

A escolha das castas é uma questão essencial para o sucesso de uma exploração vitivinícola. No que respeita à escolha do encepamento (castas e respetivas percentagens), há que ter em conta quais as castas autorizadas para as 2 DO e as recomendadas para a DOP Porto.

O conhecimento profundo da parcela a plantar é essencial, pois apresentando quase sempre uma mesma parcela de vinha na Região do Douro uma grande heterogeneidade em termos de altitude, declive, exposição, pedregosidade e fertilidade do solo, as condições para a plantação de cada casta serão muito variáveis.

Dever-se-á ter, portanto em conta o vigor natural da casta, a sua maior ou menor sensibilidade a doenças e pragas, a maior ou menor sensibilidade ao calor, a sensibilidade aos ventos e o seu potencial de maturação e também de rendimento.

A casta ou castas escolhidas devem permitir obter, nas condições de clima e solo a que a vinha irá ser sujeita, um adequado nível de maturação, na maioria dos anos, sem que a qualidade dos bagos sofra deterioração significativa (igual ou inferior a 10%), seja por engelhar, passar ou apodrecer.

 

CASTAS TINTAS

 

TOURIGA NACIONAL

É uma casta de pouca produtiva: possui cachos abundantes, mas pequenos. Os bagos, apresentam pele grossa, são ricos em compostos antociânicos, que permitem a obtenção de cores intensas e profundas nos vinhos. As uvas têm tendência a acumular açúcares e percursores aromáticos.

Os vinhos produzidos ou loteados com a casta Touriga Nacional são expressivos do ponto de vista aromático, bastante equilibrados e com excelente capacidade de envelhecimento.

A Touriga Nacional dá profundidade, volume e longevidade aos vinhos.

 

TINTA RORIZ

É uma das castas mais conhecidas na Península Ibérica. Em Espanha é identificada como "Tempranillo". Em várias regiões portuguesas é referenciada como “Aragonês”.

É uma casta precoce, muito vigorosa e produtiva, facilmente adaptável a diferentes climas e solos. Oferece vinhos que concertam elegância e robustez, fruta abundante e especiarias. Pode originar vinhos de elevado teor alcoólico, de média acidez e indicados para envelhecer, sendo muito resistentes à oxidação. Para tal é necessário assegurar produções controladas para que os bagos se apresentem mais concentrados, permitindo vinhos aromáticos, bem estruturados e que desenvolvem grande elegância e complexidade com a idade.

Acompanha recorrentemente os lotes com a Touriga Nacional e Touriga Franca.

 

TINTO CÃO

A Tinto Cão é uma das mais bem-adaptadas ao clima quente e seco da região. É muito resistente a doenças e à podridão, além de suportar temperaturas muito elevadas.

Os seus cachos são pequenos e compactos e é uma casta de maturação tardia. Produz vinhos com acidez refrescante e textura aveludada. Com aromas delicados e florais, na boca evidencia normalmente equilíbrio perfeito entre taninos, acidez e açúcar, dando corpo a vinhos densos, sólidos e potencialmente de longa guarda.

É frequentemente lotada com as castas Touriga Nacional e Tinta Roriz, entre outras.

 

SOUSÃO

As principais características do Sousão, que lhe dão caráter e identidade, é a sua elevada intensidade de cor e acidez alta.

De cachos de tamanho médio com bagos médios e uniformes, a Sousão produz vinhos rústicos, e taninosos. Pela intensa concentração de matéria corante na película e pela polpa ligeiramente corada, torna-se a casta portuguesa com maior capacidade tintureira.

 

TOURIGA FRANCA

Trata-se da casta com maior encepamento na região, representando aproximadamente 1/4 da área total de vinha plantada.  A Touriga Franca é um dos pilares estruturais dos vinhos da Região Demarcada do Douro, assumindo um papel importante na produção do Vinho do Porto e dos vinhos tranquilos. Tem produções regulares e é bastante resistente a doenças.

Os seus cachos são médios ou grandes, com bagos médios e arredondados, o que proporciona uma forte concentração de taninos e contribui para o bom envelhecimento dos lotes onde participa. Proporciona vinhos frutados de corpo denso e estrutura firme, mas, simultaneamente, elegantes e aveludados. Os vinhos produzidos apresentam cor intensa e são bastante frutados. Por regra, os vinhos sugerem notas florais de rosas, flores silvestres, amoras e esteva.

A Touriga Franca tem boa afinidade nos lotes com a Tinta Roriz e a Touriga Nacional.

 

TINTA BARROCA

A casta Tinta Barroca é plantada quase exclusivamente na região do Douro e muito utilizada na elaboração de lotes. É uma das castas que compõe alguns vinhos do Porto, sendo bastante popular entre os produtores, pois é fácil de cultivar e muito produtiva.

Casta de maturação precoce, tem tendência a acumular açúcares. É uma casta resistente a doenças e pragas.

Os vinhos produzidos a partir da casta Tinta Barroca, apresentam normalmente profundidade de cor, são perfumados, macios e redondos na boca. Os taninos têm tendência a ser suaves.

 

TINTA AMARELA

A Tintas Amarela apresenta cachos médios e compactos com bagos médios e arredondados. É sensível às doenças e à podridão (se os bagos forem expostos a precipitação intensa, apodrecem facilmente), por isso desenvolve-se melhor em climas secos e quentes.

Produz vinhos intensos na cor com aromas frutados e vegetais, com teor alcoólico ligeiramente alto e com boas condições de envelhecimento.

 

CASTAS BRANCAS

 

CÓDEGA DO LARINHO

A Códega do Larinho é uma casta de produtividade média com cachos grandes e compactos, e com bagos médios de cor amarelada. Apresenta uma maturação média.

O vinho apresenta cor citrina e aromas bastante complexos, frutados e florais. Na boca, evidencia uma acidez moderada, compensado com um excelente perfil aromático e grande persistência.

Para compensar alguma falta de frescura, é frequentemente loteada com Rabigato, Gouveio ou outras castas.

 

RABIGATO

A casta Rabigato é a casta branca mais plantada no Douro.

A casta apresenta cachos médios e bagos pequenos, de cor verde-amarelada. Em determinadas localizações, oferece notas aromáticas de acácia e flor de laranjeira, sensações vegetais e, tradicionalmente, mineralidade. É a boca, porém, que justifica a sua reputação, pois apresenta uma acidez elevada, que confere equilíbrio e frescura aos brancos do Douro Superior.

 

MALVASIA FINA

Muito presente nas vinhas velhas do Douro, a Malvasia Fina não tolera temperaturas muito altas, por isso é necessário estudar a época ideal para realizar a vindima de modo a evitar a deterioração dos bagos. É particularmente sensível à podridão e a algumas doenças e pragas da vinha, como oídio e o desavinho.

A Malvasia Fina produz vinhos de acidez moderada e de aromas e sabores delicados e pouco intensos. São tradicionalmente discretos e razoavelmente frescos.

É uma casta de lote que, nas regiões mais frescas e quando vindimada cedo, funciona como base para espumantes.

 

VIOSINHO

Utilizada desde o século XIX, a casta Viosinho é uma casta de boa qualidade e indicada para a produção de vinho tranquilo e de vinho do Porto. Tem tendência para produções baixas. A Viosinho apresenta cachos e bagos pequenos de maturação precoce e bastante sensíveis à podridão

Apesar das baixas produções, produz vinhos bem estruturados e aromáticos, embora lhe falte por vezes alguma acidez, sobretudo nas cotas mais baixas, pelo que é regularmente loteada com outras castas capazes de acrescentar a acidez necessária. Predominam aromas e sabores de marmelo, ananás, citrinos maduros.

 

GOUVEIO

O Gouveio é uma casta bastante adaptável a diferentes solos e climas, conseguindo uma boa maturação, dando origem a vinhos de acidez firme, encorpados, de aromas intensos, frescos e citrinos, com notas a pêssego e anis e com bom equilíbrio entre acidez e açúcar.

É uma casta produtiva, sensível ao oídio e às chuvas tardias, com cachos pequenos e compactos, compostos por bagos pequenos de cor verde-amarelada. Por ser uma casta naturalmente rica em ácidos, proporciona vinhos frescos e vivos. Desfruta de excelentes condições para envelhecimento em garrafa.

 

MOSCATEL GALEGO BRANCO

A família Moscatel (nas suas muitas variantes) é provavelmente a mais antiga família de uvas conhecida. O Moscatel Galego Branco duriense (conhecido internacionalmente como Muscat à Petit Grains) é sobretudo plantada nos planaltos a elevada altitude. É a partir desta casta que se produz o licoroso Moscatel do Douro.

Muito aromática, floral, exuberante, marca presença em lotes contribuindo com notas de passas, de uva, limão, lichia, pera e tília.

Desde dezembro de 2024, foi autorizada a casta Moscatel Galego Roxo para a produção da DOP Porto e DOP Douro.