Agendamento IVDP

Região Características

Região

Região Demarcada do Douro

Situada no nordeste de Portugal, na bacia hidrográfica do Douro, rodeada de montanhas que lhe dão características mesológicas e climáticas particulares, a região estende-se por uma área total de cerca de 250 000 ha, estando dividida em três sub-regiões naturalmente distintas, não só por fatores climáticos como também sócio - económicos.

Essas características existentes na região do Douro são condicionadoras do aproveitamento económico dos recursos naturais e das atividades aí desenvolvidas.

Antigamente, era apenas no Alto Douro que a cultura da vinha tinha grande expansão, sendo nessa altura a designação de ' Alto Douro ' adotada pelos autores para se referirem à zona vinhateira que hoje é o Baixo e o Cima Corgo.

Um dos limites originais de demarcação separava o Alto Douro do Douro Superior, na zona do Cachão da Valeira. Esta divisão devia-se a um acidente geológico (o monólito de granito existente no rio que impedia a navegação do Rio Douro para montante desse obstáculo). Era visível a diferença entre as duas zonas, bastando verificar o desenvolvimento mais notório da cultura da vinha no Alto Douro.

Posteriormente, com a remoção do bloco de granito no reinado de D. Maria, a cultura da vinha estendeu-se para leste, embora continuando a representar no Douro Superior uma importância menor do que no Alto Douro.

Com a reforma administrativa de 1936, a própria região do Alto Douro passou a ser designada por Baixo Corgo e Alto Corgo, servindo esta subdivisão também para diferenciar os vinhos produzidos numa ou noutra sub-região.

A área de vinha assume maior importância no Baixo Corgo, onde ocupa cerca de 29% da área desta sub-região, que se estende desde Barqueiros na margem Norte e Barrô na margem Sul até à confluência dos rios Corgo e Ribeiro de Temilobos com o Douro.

O Cima Corgo estende-se para montante até ao Cachão da Valeira, tendo menor importância a área cultivada de vinha. O Douro Superior prossegue até à fronteira com Espanha.

 

Caracterização das Sub-Regiões (dados 2020)

Sub-Região Área Total (ha) Área com vinha (ha) % da Área total
Baixo Corgo
45 000 13 204 29%
Cima Corgo
95 000 20 427 22%
Douro Superior
110 000 10 077 9%
Total
250 000 43 708 17%

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Região Demarcada do Douro

Estrutura Fundiária

A vinha ocupa na região uma área efetiva de cerca de 17% da área total.

A área de vinha é trabalhada por aproximadamente 20 000 viticultores, possuindo cada um deles, em média, cerca de 2 ha de vinha. São os pequenos produtores que têm um grande peso na produção de Vinho do Porto.

As pequenas parcelas estão presentes em toda a região, localizando-se as grandes explorações sobretudo no Douro Superior.

dados de 2020 Área de vinha Exploradores Parcelas

 

ha

%

%

%

Área vinha /
explorador (ha)

Nº parcelas /
explorador

Baixo Corgo

13 204

30

8 189

42

41 527

40

1,6124

5,07

Cima Corgo

20 427

47

8 337

42

48 936

47

2,4502

5,87

Douro Superior

10 077

23

3 107

16

14 159

14

3,2433

4,56

TOTAL RDD

43 708

 

19 633

 

104 622

 

2,2262

5,33

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Caraterização das sub-regiões por dimensão das explorações (2020)

Intervalos de área da exploração (ha)

Baixo Corgo

Cima Corgo

Douro Superior

RDD

Área total (ha)

Nº parcelas

Área total (ha)

Nº parcelas

Área total (ha)

Nº parcelas

Área total (ha)

Nº parcelas

área total <= 0,1

48

1 244

34

858

6

132

88

2 234

0,1 < área total <= 0,5

859

8 942

724

7 300

231

1 723

1 814

17 965

0,5 < área total <= 1

1 139

8 104

1 175

7 695

471

1 884

2 785

17 683

1 < área total <= 2

1 637

8 482

2 106

9 897

859

2 525

4 602

20 904

2 < área total <= 5

2 736

7 694

3 863

11 179

1 773

3 301

8 371

22 174

5 < área total <= 8

1 473

2 433

2 273

3 972

1 109

1 346

4 854

7 751

8 < área total <= 10

743

1 066

1 082

1 469

495

447

2 320

2 982

10 < área total <= 20

1 995

2 035

3 096

3 412

1 581

1 314

6 672

6 761

área total > 20

2 574

1 527

6 076

3 154

3 551

1 487

12 201

6 168

TOTAL

13 204

41 527

20 427

48 936

10 077

14 159

43 708

104 622

 

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Os Solos

No que toca ao material originário dos solos, a maior parte da Região Demarcada, em particular ao longo do vale do Douro e seus afluentes, pertence à formação geológica do complexo xisto-grauváquico ante-ordovícico, com algumas inclusões de uma formação geológica de natureza granítica, envolvente. Os solos são assim na sua quase globalidade derivados de xistos daquele complexo e distribuem-se por dois grupos fundamentais:

Litologia da Região Demarcada do Douro

(I) - Solos onde a influência da ação do Homem é muito marcada, durante os trabalhos de arroteamento e terraceamento que antecede a plantação da vinha, nomeadamente através de mobilizações profundas com desagregação forçada da rocha e consequente aprofundamento do perfil e modificações na morfologia original, acrescida da incorporação de fertilizantes. Constituem a grande maioria da área ocupada por vinha e designam-se, segundo a legenda da FAO/UNESCO (1988), por Antrossolos áricos. Nestes solos, o perfil é constituído por um horizonte Ap (antrópico) com espessura variável segundo a profundidade de surriba (1,00m a 1,30 m ) e a localização do terraço, geralmente bastante pedregoso, seguido da rocha (R); habitualmente o horizonte Ap é subdividido em duas camadas, a primeira, de 25 cm, resultante dos grangeios anuais da vinha e a segunda desde aí até à rocha; distribuem-se por duas subunidades principais - dístricos e êutricos, consoante a reação ácida ou próxima da neutralidade.

(II) - Um outro grupo constituído por unidades - solo onde a ação do Homem foi mais suave, onde o solo conservou o seu perfil original, com modificações apenas na camada superficial. Neste grupo e seguindo igualmente a legenda atrás referida, distinguem-se três unidades principais:

(a) Leptossolos - unidade - solo dominante na área não ocupada com vinha sendo constituída por solos que têm como característica principal a presença de rocha dura a menos de 30 cm de profundidade; geralmente de perfil ACR, ou em menor extensão ABwCR, distribuídos por três Subunidades - líticos (os mais delgados); dístricos (ácidos); úmbricos (ácidos e ricos em matéria orgânica, nas partes mais altas); e em menor escala, êutricos (pouco ácidos, com alguma expressão no Douro Superior);

(b) Cambissolos - solos com espessura superior a 30 cm e em regra constituídos por uma sequência de horizontes ABwCR, com a presença de horizonte câmbico (Bw); distribuem-se por duas subunidades dominantes - dístricos e êutricos (como referido para os Leptossolos);

(c) Fluvissolos - São solos derivados de depósitos aluvionares recentes, localizados em superfícies de deposição de sedimentos. Ocupam uma área restrita, ocorrendo a maior mancha no Vale da Vilariça; subdividem-se igualmente em dístricos e êutricos, de acordo com a sua reação, à semelhança do referido anteriormente.

No que se refere a características físico-químicas dos solos: (i) dominam as texturas franco - arenosa fina e franco - limosa, com elevada quantidade de elementos grosseiros nos Antrossolos, tanto à superfície como no perfil, o que confere protecção contra a erosão hídrica, boa permeabilidade às raízes e à água e elevada absorção de energia radiante com consequências positivas na maturação e na diminuição da amplitude térmica diurna; (ii) baixos teores de matéria orgânica da região. (1,5%); (iii) predominância de reacção ácida (pH H2O entre 4,6 a 5,5) e, em menor escala, pouco ácida (pH H2O entre 5,6 a 6,5), em ambos os casos com baixos valores de cálcio e magnésio de troca; (iv) valores geralmente muito baixos a baixos em fósforo extraível (<50 mg.kg-1) e médios a altos de potássio extraível (50 a 100 mg.kg-1).

O Clima

A individualidade do Douro deve-se à sua localização, sendo grande a influência que exercem as serras do Marão e de Montemuro, servindo como barreira à penetração dos ventos húmidos de oeste. Situada em vales profundos, protegidos por montanhas, a região caracteriza-se por ter invernos muito frios e verões muito quentes e secos.

A precipitação, distribuída assimetricamente, varia com regularidade ao longo do ano, com valores maiores em Dezembro e Janeiro (nalguns locais em Março), e com valores menores em Julho ou Agosto. Nos meses mais chuvosos, a precipitação tem valores entre 50,6 mm (Barca d'Alva - Douro Superior) e 204,3 mm (Fontes - Baixo Corgo); nos meses menos chuvosos, os valores de precipitação oscilam entre 6,9 mm (Murça - Cima Corgo) e 16,2 mm (Mesão Frio - Baixo Corgo). Em termos de valores anuais, estes variam entre 1 200 mm (Fontes) e 380 mm (Barca d'Alva), podendo dizer-se que a quantidade de precipitação decresce de Barqueiros até à fronteira espanhola.

Precipitação
Temperatura

A exposição ao sol, fator fisiográfico de grande importância na caracterização climática de qualquer região, reveste-se no Douro de redobrado interesse já que permite uma melhor compreensão do comportamento da vinha nas diferentes situações. A margem norte do rio está sob a influência de ventos secos do sul, estando a margem sul exposta aos ventos do norte, mais frios e húmidos, e a uma menor insolação. A temperatura do ar é mais alta nos locais expostos a sul do que nos locais expostos a norte. As temperaturas médias anuais variam entre 11,8 e 16,5 ºC. Os valores máximos das temperaturas médias anuais distribuem-se ao longo do Rio Douro e dos vales dos seus afluentes, em especial os da margem direita (nomeadamente rio Tua e ribeira da Vilariça). Relativamente às amplitudes térmicas diurnas e anuais, verifica-se que têm maior valor em Barca d'Alva e menor valor em Fontelo, facto que é explicado pela distância ao mar.

Clima